RESGATE

Uma das doutrinas vitais ensinadas claramente através da Bíblia é a do resgate por Jeová Deus mediante Cristo em benefício dos homens que amam a Deus e que têm fé nele. Por exemplo, as palavras de Jesus Cristo em Mateus, capítulo 20, versículo 28, “Assim como o Filho do homem [Jesus Cristo] não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Jesus fez muitas declarações similares para o mesmo efeito, como também o fizeram os apóstolos. Os profetas antes do tempo de Jesus escreveram a respeito desta importantíssima e afectuosa provição de Deus que resulta em uma benção para os homens, o resgate. Esta é uma das verdades básicas da Palavra de Deus.

Resgate tem o significado da coisa que redime ou exonera, provendo libertação; e na Bíblia esta palavra muitas vezes refere-se à libertação da aflição, miséria ou calamidade. Um exemplo disto acha-se em Isáias 43:3, que diz, “Porque eu sou Jeová, teu Deus. . . o Santo de Israel, o teu Salvador; dei o Egito em teu resgate.” Deus destruiu os guerreiros e a força do Egito, todos os que impediram a libertação do Seu povo, e desta maneira ele o salvou daquela nação. “Resgate”, como é empregado deste último modo, obviamente não é exoneração ou libertação do pecado ou da morte devido ao pecado.

O “resgate por muitos’’ tal como mencionado por Jesus nas suas palavras acima citadas de Mateus 20:28 denota uma remissão ou salvação também. Salmo 49:6,7 declara, “Os que confiam nos seus bens, e se gloriam na multidão das suas riquezas; Nenhum deles pode de modo algum remir a seu irmão, nem dar a Deus um resgate por ele.” Esta escritura concorda com outras ao apontar que o “resgate” é uma remissão efetuada, não por riquezas ou habilidade do homem, mas por uma provisão de Deus. A doutrina escriturária do resgate é que, ao mandar seu Filho Cristo Jesus à terra, Jeová Deus mediante ele e sua morte proveu um preço redentor. Por esse meio os homens que têm fé na Sua provisão podem chegar à harmonia com Deus, e, servindo-o fielmente, podem receber a dádiva da vida, sendo libertos do pecado herdado e da morte eterna como resultado do pecado. Para este efeito está escrito, em Romanos 6:23, “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.”

Num sentido, o resgate é a acção exercida por Deus cumprindo esta remissão do homem por Cristo. Em outro sentido, o resgate é também aquilo que serve como preço redentor, a coisa valiosa com a qual a compra ou a remissão é feita, a saber, “Cristo Jesus, nosso Senhor.”

A necessidade do homem para um resgate é demonstrada no fato de que todos os homens nascem imperfeitos e pecadores, como é admitido mesmo por Davi o piedoso, que disse, “Eis que em iniquidade fui gerado, e em pecado me concebeu minha mãe.’’ (Salmo 51:5) Se alguns homens pecadores devem receber a vida eterna, então a libertação da condenação do pecado e da morte precisa vir, e isto da parte elo Criador, pois o homem em e é incapaz neste respeito. Também, é parte do propósito expresso de Jeová que os homens recebam vida, segundo indicou Jesus Cristo em João 17:3, “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.” Para realizar este propósito de dar vida aos homens um preço de compra ou remissão, ou resgate, é necessário.

Aquilo que é comprado com o preço do resgate está identificado na declaração de Jeová Deus a Adão, quando perfeito, concernente ao que se perderia pelo pecado e desobediência: “Certamente morrerás’’ (Génesis 2:17). O que se perdeu foi a vida humana perfeita, com seus direitos e perspectivas terrestres. Aquilo que foi resgatado é o que foi perdido, a saber, a vida humana perfeita, com seus direitos e perspecti­ vas terrestres. Quem poderia prover o resgate necessário?

COMO PROVIDO

O Provedor do resgate é Jeová Deus, a Fonte da vida, o Criador. O próprio Jesus disse (João 3:16, 17), “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito...  Deus enviou [o preço do resgate].” A justiça foi satisfeita em sofrer a humanidade a justa pena do pecado, a qual é a morte. Portanto, o resgate é um acto de amor e benignidade de Deus, seu favor imerecido para com a humanidade. Qual seria a boa e valiosa coisa que Deus poderia ter se comprazido em usar para assim remir aqueles que apreciam a sua benignidade?

Este efetivo preço redentor está identificado em 1 Timóteo 2:5, 6: “Cristo Jesus...  que se deu em resgate por todos.” Com respeito ao nascimento humano de Jesus o relato em,Mateus 1:22, 23, manifesta: “Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor por intermédio do profeta [Isaías]: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco.” Que Este é o resgate, ou libertador do pecado e da morte, é demostrado no precedente versículo 21, “Porque ele é o que salvará o seu povo dos seus pecados”; e acerca do mesmo o apóstolo Pedro explanou, em Atos 4:12, “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” De todas as suas fiéis criaturas no céu, agradou a Deus usar Este que lhe era mais querido, mandando-o à terra para se tornar um homem perfeito, efetuando desse modo, entre outras coisas, o serviço de resgate. Assim declara Hebreus 2:9: “Vemos, porém, aquele que foi feito um pouco menor que os anjos, Jesus, coroado de glória e honra [após sua morte e ressurreição] pelo sofrimento da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos os homens.” (Quão verdadeiro, portanto, o alegre e exultante grito de João Batista ao vê-lo aproximar-se, “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” — João 1: 29.

A vida humana perfeita que Jesus Cristo deu na morte é a coisa valiosa que efetua a compra daquilo que o pecado e a desobediência de Adão tornaram perdido para ele próprio e portanto para todos os seus descendentes. O sangue de Jesus derramado ao morrer, a sua vida humana entregue em sacrifício voluntário, isto é o resgate. Foi provido aqui sobre a terra com a morte de Jesus. Foi apresentado como uma oferta redentora pelo pecado por Cristo ressuscitado e glorificado no céu, após a sua ressurreição como criatura espiritual, imortal, para nunca mais ser um filho humano de Deus. Aquela vida humana perfeita, com todos os direitos e perspectivas correspondentes, foi dada na sua morte, porém não em pecado e punição. Jesus não a retomou na sua ressurreição; pois ele foi levantado feito uma criatura espiritual divina. Depois de o Pai celeste haver dado a seu Filho fiel a recompensa de vida espiritual imortal, a vida humana que foi sacrificada permaneceu efectiva, como uma coisa de valor e de poder aquisitivo, e, portanto com o poder de remir ou resgatar. O valor da vida humana perfeita ficou assim disponível para ser usado em favor dos homens fiéis que precisam ser resgatados por meio dele. Estas verdades admiráveis estão esclarecidas em Hebreus 9:24-26, como segue:

“Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, [lugares tais como os tabernáculos que o povo de Israel teve, e nos quais os sacerdotes de Israel praticavam cerimónias que eram simbólicas], Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, segundo o modelo do verdadeiro, mas no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem tampouco para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote, [judaico] que de ano em ano entra no santuário com sangue que não é seu [dos animais]; ou para que muitas vezes padecesse desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.”

Vemos que pelo pecado Adão perdeu a vida humana perfeita e que foi justamente sentenciado à morte e finalmente morreu, e todos os seus descendentes herdaram o pecado e a morte dele. Deus fez do seu amado Filho um homem perfeito, e Jesus foi fiel, desceu à morte, e foi em seguida levantado pela força de Deus e exaltado aos céus, aí apresentando a Deus o mérito ou valor da sua vida humana perfeita. Mas como jsso opera em favor dos homens fiéis? Como pode isso remir “muitos?” Boas perguntas são estas, e merecem que a Bíblia as responda.

Lucas 3:38 informa-nos, “Adão, filho de Deus.” Como filho humano de Deus, Adão era perfeito, pois Deus o criou, “Sua obra [de Jeová] é perfeita.” (Deuteronómio 32:4) Ele não foi feito para obedecer automàticamente a Deus, como uma máquina, porém poderia escolher obedecer a seu Criador e desfrutar as bençãos da vida que lhe foram dadas, ou poderia voluntàriamente desobedecer e perder a sua vida e todo o direito de vida. Portanto, mesmo perfeito, a sua fidelidade estava sujeita à prova. Quando pecou, Adão deixou de ser filho de Deus, tornando-se um pecador deliberado. “E Adão não foi enganado” (1 Timóteo 2:14); e desta maneira Adão foi sentenciado à morte pelo pecado voluntàriamente escolhido, e em tempo devido ele morreu, tendo nascido todos os seus filhos, nós e nossos ancestrais, após o seu pecado.

Os descendentes de Adão podiam escolher servir a Deus com suas melhores habilidades embora imperfeitas, ou podiam endurecer seus corações contra a bondade divina durante os poucos anos de sua vida. Aos homens imperfeitos o servo de Deus disse, “escolhei hoje a quem sirvais:. . . porém eu e a minha casa serviremos a Jeová.” (Josué 24:15) Todavia, mesmo aqueles que se empe­ nharam de coração e alma na adoração do Deus verdadeiro foram impotentes para ganhar a vida eterna para si mesmos sem a acção de Deus a seu favor. Como Romanos 5:12, em Uma Tradução Americana, expressa, “Por um homem [Adão] entrou o pecado no mundo, e a morte seguiu o pecado, assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.”

Como homem perfeito, Jesus esteve em posição similar àquela que foi antes ocupada pelo homem perfeito Adão, um humano justo, perfeito e sem pecado. Em Hebreus 5:8, 9, declara concernente a Jesus: “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu; e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se, para todos os que lhe obedecem, autor de eterna salvação.” Pela irrepreensível obediência a sua perfeição, não somente de seu organismo, mas também de sua devoção a seu Pai, foi demonstrada por Jesus; e é por isso que ele foi exaltado e feito o grande Sumo Sacerdote para entrar no “mesmo céu” e oferecer o valor do seu perfeito sacrifício humano em favor “deles que lhe obedecem.” Em contraste com o fato de Adão ter trazido a morte sobre toda a humanidade mediante a transgressão da lei de Deus, Jesus, mediante a apresentação no céu do preço redentor como o glorificado Sumo Sacérdote, está em·condições de aliviar os crentes dentre os descendentes de Adão da sua incapacidade herdada sob a qual todos nasceram. Por sua compra ele os adquire, redime do pecado e da morte, aplicando o mérito de seu sacrifício a favor deles, a fim de que eles tenham uma posição justa diante do Pai mediante o Filho. — 1 Coríntios 6:20; 7:23.

QUEM É REMIDO

O homem Adão não está incluido no rol dos remidos. Por quê? Porque foi um pecador premeditado, foi justamente sentenciado à morte, e morreu, e Deus não inverteria o seu justo julgamento em dar vida a Adão. Ele tinha vida perfeita, e desta perdeu deliberadamente o direito. Não há provisão no resgate para Adão. Porém em contraste com o que Adão fez à sua grande família nascida após ele, Jesus Cristo redime os crentes com preço correspondente. Com isto ele compensa a condenação herdada dos “muitos’’ da família de Adão intercedendo em seu favor com o mérito do preço redentor, e os tais são os remidos.

Inclui isto não-Judeus, bem como Judeus? Sim, pois, como Romanos 5:18, declara, “veio o dom gratuito [da vida por meio de Cristo, Jesus] a todos os homens [não somente Judeus, não somente Gentios] para justificação de vida.” Gálatas 3:13 mostra aos Judeus que “Cristo nos resgatou da maldição da lei,” e Romanos 4:11 fala dos Gentios que exercem fé como “todos os que creem, ainda que estejam na incircuncisão, a fim de que a justiça lhes seja imputada”; e assim a conduta de um indivíduo determina se ele finalmente receberá ou não o benefício do sacrifício do resgate de Cristo. Aqueles que voluntàriamente são perversos e de corações endurecidos diante das provisões de Jeová não lhes será imposto o mérito do resgate e a vida, mas, como declarado em João 3:36, “O que ele viu e ouviu, disso dá testemunho; e ninguém aceita o seu testemunho.” Desta maneira é demostrada a imparcialidade de Jeová, o Grande Resgatador. A base para a ressurreição dos mortos que estão na lembrança de Deus e a sua final obtenção de vida é esta mesma provisão de resgate. Jesus deu “o resgate para todos”, todos os que entram em pacto com Deus mediante ele como Mediador. “Porque há um só Deus, e também um só mediador entre Deus e os homens, o qual é homem, Cristo Jesus, que se deu em resgate por todos.” — 1 Timóteo 2:5, 6.

O resgate coloca sobre aqueles que obtiveram os seus benefícios uma obrigação e um privilégio maravilhosos. “O aguilhão da morte é o pecado” (1 Coríntios 15:56); e para que os homens sejam salvos da morte, em virtude de estarem aguilhoados pelo pecado devem inteirar-se da misericórdia de Deus por meio de Cristo Jesus, e então ter fé na provisão que Ele proporcionou. Esta fé significa depender confiantemente de tal provisão, apreciando que a mesma é bem imerecida de Deus em favor dos homens, para dar-lhe todo o crédito por isso, e então demostrar esta convicção devotando-se a Deus e informando outros a respeito do resgate. Tal procedimento por aqueles de boa vontade identifica-os como sendo parte daquele grande número dos “muitos” pelos quais Cristo morreu, incluindo a “grande multidão” descrita em Apocalipse 7:14 em belo símbolo : “Estes são os que vêm da grande tribulação, e lavaram as suas vestes, e as branquearam no sangue do Cordeiro.”

A fé é baseada sobre evidência fidedigna. A palavra do Deus Altíssimo é a base de confiança para a fé. Torna clara a provisão do resgate, e desta maneira torna possível a fé no preço redentor provido em Jesus. Os homens de hoa vontade hoje que se aproveitam da provisão e que firmemente se conservam nesta confiança acharão que Cristo Jesus é o seu “Pai eterno.” (Isaías 9:6) A sua vida eterna na terra sob o reino de Deus será para o louvor do único Deus verdadeiro, Jeová, cujo propósito em Cristo Jesus, conforme declarado pelo Filho, é repe­ tido em Marcos 10:45: “Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

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