MUITAS são as pretensões antagónicas de numerosas organizações religiosas a respeito da “igreja”, da qual tantas coisas boas e animadoras estão escritas na Bíblia. Alguns sustentam que somente a sua organização religiosa tem o direito exclusivo de representar Deus. Dizem eles que quem estiver procurando o favor e as bençãos de Deus deve cumprir serviços religiosos prescritos, deve amparar a organização financeiramente e de outra maneira, e deve ser submisso aos ditames dos cardiais, bispos, padres, vigários, pastores e outros homens encarregados da direção de tal organização. Outros, entretanto, afirmam que o pertencer alguém a qualquer das organizações religiosas assegurar-lhe-á a comunhão com “a igreja”, porque todas essas organizações trilham o mesmo caminho. Desse modo, o investi­ gador honesto e sincero vê o seu caminho dificultado por essas confusas pretensões e, de início, fica em dúvida quanto ao significado da expressão bíblica “a igreja”. O que é “a igreja?” e como serve a mesma ao propósito de Deus ?

Há inúmeras organizações religiosas chamadas “protestantes” reclamando, cada uma, ser “a igreja” a que a Bíblia se refere. Os Judeus também pretedem estar em primeiro lugar no coração de Deus e honestamente acreditam que, como povo, ainda serão o instrumento exclusivo de Deus. Todavia, entre todos os corpos reli­ giosos que confessam ser o canal que conduz a Deus destaca-se a Igreja Católica Romana; e, portanto, a sua pretensão é aqui especialmente considerada. Essa organização dirigida pelo Vaticano conseguiu estender a sua influência até às mais longínquas extensões da “cristandade”; em seis continentes e nas ilhas dos mares encontram-se representantes eclesiásticos seus, conduzindo serviços religiosos e orientando a educação dos jovens por toda parte onde é possível.

A doutrina católica presume que a igreja de Roma é a única igreja verdadeira, erigida sobre Pedro (que a Hierarquia sustenta ser o primeiro papa) como seu alicerce; também que o papa é a cabeça visível da igreja, que é sucessor de Pedro, que é infalível, e o único homem autorizado a interpretar a Bíblia. Para sustentar esta alegação eles agarram-se às palavras de Jesus quando disse a Pedro, como se vê em Mateus 16: 18 (Almeida): “Tambem eu te digo que tu és Pedro [Petros, que significa 'pedaço de rocha'], e sobre esta pedra [petra, que significa 'montão de rocha'] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno [Hades, o túmulo] não prevalecerão contra ela.” E assim, proclamando Pedro como o primeiro papa e o alicerce da igreja, a doutrina católica afirma que a organização religiosa do Vaticano, manejada por um “Sacro Colégio de Cardiais” com o sucessor de Pedro (o papa) à sua testa, é o instrumento de Deus, a Sua igreja, para cumprir os seus propósitos e abençoar os homens. Os religionistas ensinam que o dever da igreja é “salvar as almas” e preparar os homens para a “vida futura”.

Todavia, há uma ausência total de prova escriturária de que ao apóstolo Pedro tenha sido dada em qualquer tempo a primazia na igreja cristã. Para provar que Paulo, por exemplo, não foi de modo algum inferior a Pedro, o próprio Paulo diz: “Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos.” (2 Coríntios 11:5, Almeida) Pedro escreveu a primeira das suas duas cartas de Babilónia (1 Pedro 5:13), porém não há prova de que Pedro ao menos tenha visitado Roma, ainda que Paulo o fizesse. Ncm tão pouco tiveram os doze apóstolos quaisquer sucessores, pois Jesus revelou que há somente “doze apostolos do Cordeiro”. (Apocalipse, ou Revelação, 21:14) Portanto a pretensão de que o papa como sucessor de Pedro é a cabeça da igreja carece de fundamento tanto nas Escrituras como nos fatos. Construirem os hoinens uma organização na terra e a chamarem de “A Igreja”, alegando que ela é a igreja verdadeira de Deus, constitui uma violação da Palavra de Deus, como será a seguir demostrado. Tal corpo terrestre não é “a igreja”, nem nunca poderá ser, porque não é construção de Deus e não serviria ao seu propósito.

Igreja significa uma congregação escolhida do mundo para o propósito de Deus; e a doutrina sobre “a igreja” foi durante muito tempo um mistério. Foi primeiro revelada aos próprios escolhidos dentre os homens para serem membros dela. (Marcos 4:11) Há somente uma igreja verdadeira e real, e a ela se refere a Bíblia como “a igreja do Deus vivo”. (1 Timóteo 3:15) Jeová, por meio do seu Filho Cristo Jesus, é o edificador dessa igreja, pois “maior honra do que a casa tem aquele que a edificou. Porque toda a casa é edificada por alguem, mas o que edificou todas as coisas é Deus”. (Hebreus 3:3, 4, Almeida) Ela é o “santuario”, o “verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.” (Hebreus 8: 2, Almeida) A verdadeira igreja é o agente pelo qual o Deus Todo­ Poderoso resolveu vindicar o Seu nome e trazer bênçãos aos homens obedientes.

Perfeito conhecedor do importante papel que a igreja teria, o Deus de sabedoria fundou-a sobre uma experimentada e aprovada Rocha de Fundação. Quando Jesus avisou Pedro de que “sobre esta pedra edificarei a minha igreja”, Jesus referia-se a si mesrno como a grande Rocha sobre a qual “a Minha Ígreja" seria edificada. Segundo o manuscrito siríaco Jesus disse: “Tu és Céfas: e sobre esta rocha [céfas] edificarei minha igreja.” (Tradução de Murdock) No manuscrito siríaco tu é masculino, mostrando que o primeiro Céfas é masculino e se refere ao apóstolo Pedro; porém o adjetivo esta é feminino, mostrando que o segundo céfas é feminino e não se refere a Pedro, mas a outrem. Refere-se a Cristo Jesus mesmo, que é a petra (grego), ou Grande Rocha. Pedro acreditou naquela “Rocha” e corajosamente proclamou Cristo Jesus como a Fundação celeste, A Rocha, sobre a qual a igreja de Deus é edificada. Disse Pedro: “Ele [Cristo Jesus] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque tambem debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.” — Atos 4: 11, 12, Almeida; também veja 1 Pedro 2:3-10.

O apóstolo Paulo confirma a declaração de Pedro quanto a ser Jesus Cristo O Principal do corpo da verdadeira igreja, dizendo: “Cristo é a cabeça da igreja.” “é a cabeça do corpo, da igreja: é o principio e o primogénito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminencia.” (Efésios 5:23; Colossenses 1:18, Almeida) Isto é uma verdade porque Cristo Jesus é o único que se poderia qualificar para aquele im­ portante posto na organização celeste dominan­ te de Jeová. A chefia de “a igreja” era uma po­ sição demasiadamente sublime para ser confiada a uma criatura imperfeita (ainda que fiel) como Pedro, sem falar na concessão da respon­ sabilidade a uma sucessão de papas de Roma que, de modo algum, são imitadores de Pedro nem ao menos quanto ao cingir-se à doutrina cristã. Cristo Jesus está “vivo para todo o sempre” (Apocalipse 1:18, Almeida) e não necessita ter um homem na terra como cabeça visível da igreja ou como seu representante pessoal. Cristo Jesus, vivo no céu, enviou o espírito san­ to para dirigir a igreja na terra. (João 15:26; 16:7, 13) A igreja não é uma organização ter­ restre, mas sim a organização teocrática do pró­ prio Deus dentro da qual Ele escolhe pessoas fiéis dentre os homens.

Em sentido típico ou simbólico, a congregação das doze tribos de Israel sob o comando de Moisés era uma “igreja”. (Atos 7:37, 38) O Moisés Maior, Cristo Jesus, recebeu primeiro de seu Pai os apóstolos (dos quais Pedro era um) como doze colunas associadas da “igreja”. (João 17: 6) Isto é descrito em símbolo em Apocalipse 21:14, onde “a igreja” é comparada a uma grande cidade: “O muro da cidade tinha doze fundamentos e sobre estes os doze nomes dos apóstolos do Cordeiro.” Os doze foram postos como grandes pedras de fundamento da “igreja”, sendo Jesus a Principal Pedra Angular. (Efésios 2:20) Portanto, diz a Bíblia concernente a todos os membros da verdadeira igreja de Deus, inclusive os doze apóstolos e todos os que desde então foram escolhidos: “Também vocês, como pedras que vivem, são edificados casa espiritual para serem sacerdócio santo, a fim de oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio de Jesus Cristo.” — 1 Pedro 2: 5.

MEMBROS

Os admitidos na verdadeira igreja são escolhidos por Deus, mediante Cristo Jesus, o primeiro escolhido. (1 Pedro 2:4; 2 Tessalonicenses 2:13; João 15:19) Eles não têm entrada na igreja por sua própria vontade ou desejo, nem nela escolhem as suas posições de serviço; pois “agora Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis”. (1 Coríntios 12:18, Almeida; João 3:27) Após a escolha dos “doze apóstolos do Cordeiro” como colunas de funda­ mento, a chamada continuou para a nação de Israel exclusivamente durante três anos e meio, e Deus principiou a escolher dentre os Judeus criaturas fiéis para serem associadas com Cristo Jesus na igreja celeste. Esses começaram a pregar a palavra do Senhor, e muitos foram acrescidos à igreja. (Atos 2:41, 46, 47) Mais tarde, na casa de um gentio chamado Cornélio, Pedro teve o privilégio de estender o convite da igreja pela primeira vez aos gentios, ou não-Judeus. Esses gentios semelhantemente começaram a pregar a Palavra de Deus, e muitos mais foram acrescidos à igreja. (Atos 10:44- 48; 15:14) É digno de nota que todos aqueles trazidos à associação com a igreja foram, como Jesus, pregadores da palavra.

Desde a selecção dos apóstolos na qualidade de primeiros membros da verdadeira igreja, Jeová Deus tem continuado a selecção de “pedras vivas” para a sua igreja. Essa obra de escolha tem estado em progresso, durante os dezanove séculos desde a ressurreição de Jesus e a sua ascensão ao céu. A Bíblia dá esperanças celestes àqueles chamados para fazerem parte de “a igreja’’, como bem demonstram as palavras de Paulo: “A nossa cidadania está nos céus; donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo: que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme o corpo [espiritual] da sua glória.” — Filipenses 3: 20, 21.

Para que finalmente fossem unidos com Cristo na igreja celeste, exigiu-se dos apóstolos e dos outros escolhidos depois deles que terminassem a sua vida terrestre fiéis até à morte, como Jesus. (1 Pedro 2: 21; Apocalipse 2: 10) Ainda que os apóstolos e os outros escolhidos houvessem sido recebidos no pacto para o Reino ou igreja celeste, não foram imediatamente tomados para o céu e unidos com a Cabeça da  “igreja’’. Eles dormiram no túmulo até a primeira ressurreição na ocasião da vinda de Cristo Jesus ao templo de Jeová em 1918, quando foram exaltados à glória com a Cabeça da “igreja”. (Lucas 22:29, 30; Apocalipse 20:6) Ainda resta hoje sobre a terra alguns que são candidatos à associação com Cristo Jesus na igreja celeste, porém eles também terão de terminar a sua carreira terrestre fiéis até à morte. De acordo com a Palavra de Deus, qualquer destes que morre agora “será transformado num momento, num abrir e fechar de olhos”, para uma existência espiritual e eterna com Cristo Jesus em seu corpo celeste ou igreja. — 1 Coríntios 15:42-54; Apocalipse 14:13.

Em Apocalipse 14:1, 3 a Bíblia é terminante ao predizer que o número final da igreja celeste será de 144.000, segundo o decreto de Deus. Porque a verdadeira igreja de Deus foi prefigurada de modo típico pelas doze tribos de Israel sob o comando de Moisés, assim a igreja celeste é comparada às doze tribos de 12.000 membros cada uma, sob o comando do Moisés Maior, Cristo Jesus. (Apocalipse 7:4-8) “A igreja,” então, limita-se a este número escolhido e predestinado; e nos céus ela é feita a parte prmcipal ou corpo reinante da organização universal de Jeová Deus. A ela tembém refere-se a Bíblia como o “corpo de Cristo” e a “noiva” do Cordeiro Jesus Cristo. ( Efésios 1:20-23; Apocalipse 19:7; 21: 9) Todas as demais criaturas que receberão vida das mãos de Deus mediante o pacto do Reino não terão parte na  “igreja”, mas viverão nesta terra sob o domínio de Cristo Jesus e sua igreja nos céus.

A COMISSÃO

A Cabeça da “igreja”, Cristo Jesus, é cha­mada nas Escrituras Sagradas “a testemunha fiel e verdadeira”. (Apocalipse 3: 14) Desde o tempo da sua unção até que seus lábios foram silenciados pela morte no madeiro ele dedicou todos os seus esforços à pregação do evangelho ou boas novas do Reino de Deus, declarando a majestade do nome de Jeová e cantando o Seu Louvor. Ele realçou claramente a sua comissão como Cabeça da “igreja”: “O espírito do Senhor JEOVÁ está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos mansos: enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; e apregoar o ano aceitavel do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes.” (Isaías 61:1, 2, Al­meida; também veja Lucas 4:18-21) A sua obra era pregar.

Jesus declarou francamente que a mesma comissão recai sobre os membros da igreja, aos quais disse: “Sereis minhas testemunhas . . . até as extremidades da terra.” Pedro reafirma a comissão da “igreja’’ pregar da mesma ma­ neira como fez Jesus: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdocio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes da­ quele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2:9, Almeida) Eis a razão porque Jesus disse, na ocasião da sua palestra com os seus fiéis discípulos pouco antes da sua ascensão: “Ide, pois, e fazei discipulos de todas as nações, batizando-as em o nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo; instruindo­-as.” (Mateus 28:19, 20) A comissão de pregar com respeito ao Reino de Deus recai sobre todos os membros da “igreja”, pois todos eles foram ungidos com o espírito de Deus. (Mateus 10:1-14; Lucas 10:1-12; 1 João 2: 20, 27) Eles devem ministrar todas as coisas espirituais necessárias a todos os homens que procuram vida e bençãos das mãos de Deus. (Isaías 61: 6) O restante ainda na terra dos membros do corpo de Jesus ou a sua igreja, assim está ministrando, 'pre­gando este evangelho do Reino em todo o mundo em testemunho a todas as nações'. (Mateus 24:14) Todos os membros ressuscitados e já reunidos com Cristo Jesus no templo provaram a sua fidelidade numa firme carreira de pregar e ministrar enquanto viviam na terra, e estão para todo o sempre nos céus com a Cabeça de "a igreja" quais coerdeiros e co-regentes na gloriosa Teocracia de Jeová.

Do exposto acima vê-se claramente que não é lícito aos restantes membros da igreja que ainda estão na terra, os quais são as testemu­nhas de Jeová, entrarem em alianças políticas com as nações deste mundo (João 18:36); nem tão pouco é de seu dever e responsabilidade cons­truir uma vasta organização terrestre, apoiada por fabulosos bens e ornada com suntuosas e imponentes estruturas para o culto religioso, e superintendida por uma classe especial de ho­mens do clero. (Mateus 6:19-33) Não; a respon­sabilidade dos membros da igreja ainda vivos na terra é de louvar o nome de Jeová e dar teste­munho da Sua supremacia e glória. Como Ad­ministrando o espiritual “sustento a seu tempo” aos que sentem fome e sede da verdade, convi­ dando todos a partilhar “gratuitamente da agua da vida”. Sua é a responsabilidade de ver que o nome de Jeov4 e a Palavra sejam declara-los em todos os recante do mundo onde Ele tor­ na possível tal proclamação; e esse trabalho é feito da mesma forma como Jesus o fez, a saber, de casa em casa, de cidade em cidade, de país em país, e publicamente. (Marcos 1: 38; Mateus l1:1; Atos 20:20, 21) A sua fidelidade deve ser mostrada cumprindo a sua comissão de pregar a despeito de toda a oposição, e desta maneira eles provam que são djgnos de confian­ça, como fez Jesus.

Como está a igreja cumprindo o intento de Deus na terra hoje em dia? Cuidando para que as boas novas sejam pregadas, conforme Ele ordena. Bíblias, livros, livretos, revistas, trata­dos, gravações vocais, pregações públicas e to­dos os outros meios próprios segundo as Escri­turas estão sendo usados para publicar em toda parte a mensagem do Reino. Que isso seria o procedimento certo, o procedimento único para “a igreja” agora no fim do mundo, foi clara­mente mostrado pela declaração de Jesus a seus apóstolos em Mateus 24:14: "Será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo em teste­munho a todas as nações, e então virá o fim.” Ê da responsabilidade da verdadeira igreja olhar para que se faça tal pregação da mesma forma como Jesus a fazia; e somente a verdadeira igreja está fazendo hoje este trabalho. Vê-se, portanto, claramente qual é a verdadeira igreja e quem estão com ela associados na terra. (Ma­teus 7:15, 20; 21:43) A verdadeira igreja está executando a obra de Deus como ele ordenou, e continuará assim fazendo até que essa parte da obra da igreja esteja terminada.